Há muitas explicações sobre as variações nas taxas de câmbio - explicações políticas, explicações psicológicas e explicações econômicas.
Vamos imaginar que só existam razões econômicas para que as moedas de dois países tenham suas relações alteradas. É uma visão incompleta, mas explica o funcionamento básico do processo.
Primeiro, é preciso saber que, para que a moeda de um país tenha valor, ela precisa estar garantida pela produção daquele país. Afinal, dinheiro é um pedaço de papel pintado com tinta: não se come dinheiro, não se veste dinheiro. O significado da moeda, como valor aceito por muitos, depende daquilo que garante esse valor: o trabalho humano e as riquezas processadas que estão por trás do papel pintado - a isso se chama lastro.
Dois países, Lilipute e Blefusco, tem lá suas moedas nativas. Vamos supor que a economia de Blefusco tem o dobro da força da economia da Lilipute. Em Blefusco se produz duas vezes mais grãos, duas vezes mais tecidos e a população economicamente ativa é o dobro da de Lilipute. Nessa situação ideal, a moeda de Blefusco ($B) vale o dobro da de Lilipute ($L). Ou seja, a cotação é: $1B = $2L.
Um comerciante de Lilipute fabrica canetas e exporta para Blefusco. Para fazer uma caneta, ele gasta $0,20L de plástico, $0,10L de tinta, $0,50L de salário, tem $0,30L de custos gerais e sua margem de lucro é $0,40L. Então, a caneta sai por 0,20 + 0,10 + 0,50 + 0,30 = $1,10L mais o lucro de $0,40L, temos que o preço de venda da caneta para Blefusco é $1,50L. Como o câmbio está dois para um ($1B = $2L), Blefusco compra a caneta por $0,75B.
Então, alterações internas na economia de Liliput fazem a produção da caneta ficar mais cara. O plástico fica mais caro, os operários negociam um salário melhor, o preço da eletricidade sobe. Por isso, a caneta agora sai por $1,80L - 20% mais cara que antes. O exportador de Lilipute fala com o importador de Blefusco que o preço subiu. O importador responde que não paga mais, que tem outro país que lhe vende canetas pelo preço antigo e que só comprará pelos $0,75B que sempre pagou pelas canetas.
Que saídas nosso exportador liliputiano tem? Primeiro, reduzir sua margem de lucro de $0,40L para $0,10L e manter o preço em $1,50L, só que isso pode inviabilizar o negócio. Então, ele pode fazer outra coisa: se o preço em Blefusco é de $0,75B por caneta e o seu custo agora é de $1,80L por caneta, a relação entre as moedas pode ser alterada: se Flimnap, o Ministro da Fazenda de Lilipute, concordar, de agora em diante $1,80L serão iguais a $0,75B e o preço para as duas partes se ajusta. A relação passa de $1B = $2L para $1B = $2,40L. A moeda de Lilipute desvalorizou-se 20% em relação à moeda de Blefusco - os mesmos 20% de alta nos custos da produção de canetas.
eu gosto muito de administração
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